quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Tico Santa Cruz e outros músicos se unem por uma boa causa

Show na Lapa, no Rio, vai arrecadar fundos para campanha que leva arte aos presídios
Do EGO, no Rio

Marcos Serra Lima
O DJ Marcelinho da Lua é um dos participantes do प्रोजेतो

O DJ Marcelinho da Luabuscar e o líder da banda Detonautas, Tico Santa Cruzbuscar, se reúnem nesta quarta-feira, 28, com outros músicos, por uma boa causa.

A trupe fará um show no Teatro Odisséia, na Lapa, Rio de Janeiro, para arrecadar fundos para o projeto Caravana Liberdade & Expressão, que leva música e literatura para os presídios.

Também se apresentam o DJ Isaías, Kapella, Bnegão, Aleh Ferreira, O G.O.L.P.E., e a banda Missionários do Rock, composta por presidiários. O evento terá ainda a palestra de Marcelo Yuka, ex-integranta do Rappabuscar.

MISSIONÁRIOS DO ROCK O PODER DA TRANSFORMAÇÃO ATRAVÉS DA ARTE E CULTURA

KALIL E O GOLPE...SURPREENDENTE

B NEGÃO E O GOLPE...FOI MUITO BOM

ALEH FERREIRA

MC DIEIDY..COM DJ ISÁIAS

B.BOYS DA AMAZONIA ...ARRENTANDO

DEBATE COM ORLANDO ZACCONE

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Música para revolução


Por Marcelo Salles


Rafael Kalil entrevista uma detenta durante a Caravana Liberdade de Expressão

Largo do Machado, horário do almoço. Toca o telefone, é Emanuele Landi, repórter da CNN em Espanhol. Diz que ficou a semana passada inteira atrás do contato do Marcelo Yuka. Aí viu que eu tinha feito uma entrevista com ele aqui no fazendomedia.com e tentou a sorte comigo. Conseguiu. Passo o contato. Ele quer marcar uma entrevista para falar, sobretuto, a respeito dos shows realizados nos presídios. O Yuka é, de fato, um grande ativista. Foi ele quem levou a Companhia Brasileira de Cinema Barato para a 52a. DP (Nova Iguaçu). E é ele quem ajuda o músico Rafael Kalil a tocar o projeto Caravana Liberdade de Expressão, que corre os cárceres do Rio de Janeiro com a banda O Golpe e convidados como BNegão. Apóiam o projeto o delegado de Polícia Civil Orlando Zaccone e a juíza Regina Rios. Sem mais, segue abaixo a entrevista com Rafael Kalil, que convida a todos para um show amanhã. Esse não será num presídio, e sim no Teatro Odisséia, na Lapa. O custo, 10 reais, será revertido para a Caravana. Ganha desconto de 20% quem chegar com um livro, que será doado para os presídios que possuem bibliotecas.

O que você mais ama na música?
O fato de poder me expressar com liberdade, criatividade e muitas vezes bom humor. Na realidade, não sei viver sem a música; comecei a estudar com 4 anos, mas me afastei na adolescência e tudo pareceu sem sentido, até que a música novamente tornou a fazer parte determinante da minha vida, e é ela que me leva a tudo desde então.

Por que resolveu tocar nos presídios?
Sempre achei que, como músico, tinha que prestar algum serviço social por meio do talento que tenho. Considero o microfone uma arma que precisa ser bem manuseada. A coisa começou muito de repente, sem planejamento. Tive amigos presos e mortos em guerra de facções do Rio e a necessidade de fazer algo urgia e gritava dentro de mim, até que pensei no sistema observando um desses sinais da vida, até porque é um lugar aonde ninguém realmente dá atenção e que pra mim é uma peça-chave no nosso ciclo social; enxergo o preso como o principal elemento de transformação social, e que a interferência positiva nas penitenciárias a longo prazo pode amenizar as coisas no nosso contexto. Foi então que procurei o SEAP e uma semana depois começaram os eventos que estão rolando até hoje.

De modo geral, qual a reação dos detentos antes, durante e depois dos seus shows?
Antes sempre fica um certo receio, eles ficam meio travados pois esse tipo de evento quase nunca acontece (salvo exceções como a Penitenciária Talavera Bruce, que promove muitos eventos) e durante os shows eles vão se soltando até que acontece uma integração total entre nós, músicos, e eles. E no final transformamos um clima sufocado num alto astral incrível, e é sempre dessa maneira, não há como descrever muito bem em palavras, mas é uma das coisas mais emocionantes das quais já passei na minha vida.

Muito se fala das péssimas condições em que os presidiários são mantidos. O que você viu lá? Pode descrever exatamente como são essas condições?
Nenhuma novidade. Tuberculose, HIV, ratos, baratas, superlotação, falta de água potável, material de higiêne básico (absorvente para as mulheres, pasta de dente, sabonete, etc...), falta de assistência em todos os sentidos e outras coisas que todos sabem e não vale a pena ser citado.

Existem muitas mitificações a respeito do cárcere e da população que o ocupa. Daquilo que você encontrou lá dentro, o que poderia dizer que é verdadeiro e o que é falso?
Ah, sim, a coisa de que todo mundo é estuprado é mentira. A coisa de que os caras são uns bichos... Pô, levamos mulheres no nosso grupo e sempre a massa carcerária nos respeitou e muito. Não é um lugar com animais, mas sim com pessoas, a maioria analfabetos e pessoas não violentas que caíram lá por causa de algumas trouxas ou porque "rodaram" num assalto ou algo do tipo.

Durante esse primeiro ano da Caravana, você descobriu que 95% da população carcerária é de pobres ou muito pobres; 60% são pardos ou negros e 80% reincidem. Na sua opinião, o que leva a essa realidade? E o que fazer para modificá-la?
Primeiro, quanto à reincidência, o maior problema é a falta de acompanhamento no regresso do preso, o que não existe, nem acesso à educação e trabalho para todos. E vou mais alam: já acompanhei casos de pessoas que queriam largar o crime, mas não tiveram oportunidade aqui fora, se desesperaram pela falta de dinheiro, comida, respeito e etc. e voltaram lá pra dentro.

A coisa dos negros e dos pobres só comprova a tese de criminalização da pobreza; qualquer desvio de conduta para afro-descendentes e pobre é cadeia na certa. Vejo poucos brancos, mas existem, porém nunca vi um classe média lá dentro, com exceção da Jorgina de Freitas (fraudadora do INSS). A maioria é de analfabetos funcionais e analfabetos, é muito difícil isso, porque essas pessoas vão todas voltar pra rua em alguns anos, sem nenhum horizonte, sem nada, e está na hora de fazermos diferente, pois usamos o mesmo método de séculos e vemos que não funciona. É hora de humanizar, cuidar do nosso povo, pois o nosso povo está lá dentro também.

A maioria está no crime porque nunca teve nada. E a TV e os outros meios de comunicação incentivam um consumo de bens inalcançável para a maioria. O, veja bem, imagina um menino que tem mais cinco irmãos e um pai trabalhador. O garoto passa fome quase todo dia, é humilhado na escola e na rua, apanha de polícia e ainda observa seu pai honesto trabalhando que nem uma mula sabendo que nunca vai ser ninguém; aí ele vê os ditos bandidos da sua área com o carro que querem ou moto, tênis de marca, andando de fuzil e ainda tem a perspectiva de ganhar tipo 300 reais por semana só pra ficar de monitor com radinho na boca de fumo. Pô, ele vai ganhar mais que o pai... Garotos como esse existem diversos e vêem seus pais honestos e acham que não vale a pena, porque o herói verdadeiro (o honesto) não tem recompensas nem perspectiva, apenas porrada. Aí ele pensa se quer viver pouco como um rei ou muito como um zé... O que você faria no lugar dele?

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Maioridade Penal

No início do ano a questão mais uma vez veio a tona depois da fatídica morte do garoto João Hélio que revoltou toda a nação e reacendeu a fúria contra o poder público e a total falta de segurança que vivemos, numa sociedade onde jovens cada vez mais novos pegam em armas de fogo e entram para o mundo do crime.
Se é uma discussão válida ou não esse não é o mérito que será abordado aqui, mas veremos a questão por alguns ângulos poucos explorados.
Engraçado que basta um menino branco de classe média morrer na mão de menores de idade que a fúria da classe média se ascende pilhada pela mídia, mas lembra-se quando alguns menores em Brasília há alguns anos atrás atearam fogo num índio? Ninguém falou sobre redução de idade penal, nenhum deles foi punido e pasmem, um deles hoje em dia é funcionário público. Isso é bem natural aqui, preto pobre quando erra é uma coisa, branco rico é outra. Brasil país do preconceito, é justo dizer isso não?
O que falta para nossa juventude é assistência, educação e oportunidade e não cadeia, chega de punição, chega de colocar pobre na cadeia.
O que vocês querem? Primeiro reduzir a idade penal para 16 anos, depois pra 14, 12, 10, 8, daqui a pouco o sujeito nasce, se for preto e pobre já vai pra maternidade prisão, que tal?
Agora, fugindo do âmbito moral da questão e indo para a prática da realidade, sinceramente as cadeias do Rio não tem estrutura suficiente para receber jovens infractores atualmente, não há como atender a demanda por mais urgente e lógico que fosse encarcerar adolescentes. Já temos o DEGASE, porque não se discute reformas no Padre Severino por exemplo?
As vezes penso e chego a conclusão que para todos nós basta isolar nossos problemas, fazer sumir de vista e está resolvido. A redução da maioridade penal é isso na real, vão acabar tirando todos os jovens (infratores ou não) das ruas e os jogando nas penitenciárias do Estado, o que a princípio tornará as ruas de Copa ou Ipanema com muito menos pivetes e toda aquela rapaziada desse entorno vai gostar, só que esses meninos irão crescer com bandido velho do sistema, aprender tudo muito mais cedo, vão sofrer mais, terão mais raiva e serão sujeitos muito mais violentos do que seriam se não tivessem entrado sistema a dentro...
Vocês querem uma solução imediata que não existe e qualquer medida radical apenas vai potencializar a violência.
Ninguém pensa por aqui não?

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Resultado - Um ano de trabalho

Amigos e amigas,

aos caros amigos

e aos baratos também!

A Caravana completa um ano de trabalho, um ano de eventos, experiências e mais, resultados efetivos e palpáveis, táteis, visíveis.
Há um tempo atrás, quando a luta para manter esse projeto ativo era algo quase solitário, quando pensei que iria ser impossível prosseguir comecei a sair poraí a pedir ajuda a qualquer um. Pedi ajuda a muita gente, muita mesmo, mas efetivamente não foram muitos os colaboradores.
Se tenho que reconhecer um colaborador especial até agora, o principal deles foi a Dra Regina Rios, que na realidade não gosta de ser citada, nem fotografada, nem nada, ela é uma pessoa que ajuda por ajudar, e foi ela uma das principais responsáveis do projeto estar andando assim, estar completando um ano. E não é só meu projeto que ela ajuda não, ela contribui ainda com outros amigos e projetos que sem seu apoio não deixariam de ser apenas boas idéias.
Mas nem só de ajuda vivemos, também destaco nessa época de desespero correndo pra lá e pra cá tentando manter a Caravana ativa e viva, escutei poucas e boas por ai.
Ouvi muito dizer que meu projeto não servia pra absolutamente nada, que na realidade se tratava de entretenimento social, que quem ganhava era eu, que na realidade armava isso tudo apenas para aparecer.
Pois bem, ultimamente não tenho aparecido em nada, não estou acionando assessoria de impressa, nem levando artistinha famoso. Sabe porque? Por que esse não é o foco.
Não fazemos isso para ser herói, santo ou atrás de aplauso, não é nada disso.
Aliás posso responder isso tudo com o resultado de um ano de trabalho (sem remuneração):
Arrumamos trabalho para dois ex internos (ex detentos)
Arrumamos um show para uma banda de internos (Missionários do Rock 28.11 - Lapa)
O fato de arrumar trabalho para dois ex internos, acompanhar suas vidas e ajudar de uma forma positiva já é um resultado grande e louvável e proporcionalmente arrisco a dizer que fizemos mais que o Estado (proporcionalmente).
Então fica assim, os fatos falam por si, muito mais importante que dar entrevista ou aparecer no jornal é isso, o resultado efetivo na vida de alguém.
Essa é nossa meta e prêmio e prazer e toda satisfação.
Resultado.
E vem muito mais por aí.
Estamos apenas começando nossa festa amigos, apenas começando!!!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Discurso é corda para se enforcar. Acredito na ação, parem de falar e tomem atitudes!!!

Hoje estive na Alerj, numa reunião da comissão de direitos humanos onde estiveram presentes diversos grupos tais como MST, Tortura Nunca Mais, o músico Marcelo Yuka, a impressa e um representante da ONU.

Muito foi dito, e aliás político é uma raça que realmente sabe falar né!

Discursos humanitários, sobre luta de direitos humanos, sobre violência policial, sobre democracia, sobre denúncias e etc.

Conclusões que se chegam?

Como sempre nenhuma.

Particurlamente detesto debates, fóruns e coisas do gênero, porque se fala muito e no final não temos ação nenhuma.

Esse ano fui convidado a cinco debates, recusei todos. Não acredito mesmo nisso. Não acredito nesses caras de terno, prefiro considerar os ambulantes, os engraxates, as empregadas domésticas, os trocadores, camelôs, os comerciantes dos morros, essa nossa gente que acredito se aproximarem bem mais da verdade do nosso país do que esses caras que são ditos representantes do povo.

Esses caras engravatados não me convencem mesmo. Eles falam sempre o que seu eleitorado quer ouvir, um jogo manjadíssimo, e até mesmo aqueles que se dizem defensores dos direitos humanos dá pra notar em suas falas que eles se baseam muito nos discursos acadêmicos, que na realidade de vivência do outro lado sabem muito muito pouco.

Repetem sempre a mesma ladainha, os mesmos clichês, mas no final se enforcam nas suas próprias falas.

E o movimento Hip-Hop? O que é isso afinal? Tenho grande respeito aos grafiteiros e aos dj's, que realmente mudam vidas e transformam seu meio, mas e os mc's, os tais "representantes"? O que eles fazem? Representam o que? Prefiro nem entrar nesse mério mas não poderiadeixar de cita-los.

Sou e estou cercado de pessoas práticas, de ação, que pensam em algo e no outro dia já estão colocando o verbo em movimento.

Posso citar alguns exemplos disso ocorridos só no ano de 2007:

- Caravana Liberdade e Expressão: No início nem tínhamos um porque claro de fazer isso, apenas vimos a oportunidade e saimos fazendo, para descobrir nosso porque ao longo dessa caminhada, filosofia zero.

- O Sol Quadrado Também Brilha: Zaccone teve a idéia e um mês depois arrumamos tudo e o jornal já estava e está circulando.

- Manifesto contra a política de extermínio: Yuka preparou o texto, veiculamos na internet e uma semana depois nos reunimos na Fundição com toda a imprenssa a nossa volta para divulgar o manifesto, trêsdias depois este mesmo já estava nas mãos do tal representante da ONU.

Na Caravana especificamente quem entra numa de ficar de discurso moral por exemplo é afastado automaticamente. Nenhum de nós pode entrar nessa de pagar discurso pra alguem, pois erramos em inúmeros pontos, somos falhos como qualquer um.

Nós entramos em comunidades e em prisões apenas para fortalecer na medida de nossas possibilidades e na nossa fala apenas fazemos as perguntas e são elas:

- Quem lucra com vocês nessa situação?
- Quem ganha com a guerra de nós contra nós mesmo?
- Quem fica com o prejuízo?

E encerramos por aí.

Sem discurso, sem promessas e com os pés no chão.

Minha utopia mental é a unificação total do povo das periferias e trabalho arduamente a fim de construir este cenário, sei que é muito difícil, pois plantaram um ódio entre nossos semelhantes muito profundo, mas já consigo ver um pré-disposição nesse sentido e lutaremos por ela até a última gota de suor ou sangue.

Aos que falam pouco e agem mais, um grande salve, e aos que falam demais fica o alerta: as ruas cobram!!!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Trezentas pessoas assinam manifesto contra política de confronto

Abaixo-assinado será entregue a relator da ONU.
"Não podemos concordar com o combate à violência com violência", disse Marcelo Yuka.

Pelo menos 300 pessoas assinaram um manifesto de repúdio à política de confronto da Secretaria de Segurança Pública, na noite desta terça-feira (6), na Fundição Progresso, na Lapa, Centro do Rio. Os integrantes do movimento, liderado pelo músico Marcelo Yuka, não pouparam também críticas às declarações do governador Sérgio Cabral. Eles vão pedir uma audiência para entregar o documento ao governador.

Além de juízes, desembargadores e parlamentares, também assinaram o documento, artistas como Gabriel o Pensador, Lobão, Beth Carvalho, B Negão, Marcelinho da Lua e Letícia Sabatella.

“Não podemos concordar com o combate à violência com violência. Isso provoca um efeito colateral. É uma política de segurança que vai trazer conseqüências graves para essas pessoas das comunidades pobres”, disse o músico Marcelo Yuka, que iniciou o “Manifesto contra as políticas de extermínio” com um abaixo-assinado divulgado pela internet.

Relatório será entregue a ONU

Segundo a representante da OAB, o abaixo-assinado será entregue ao relator da ONU para assuntos de execuções sumárias, Philip Alston, que chega ao Rio esta semana para elaborar um documento sobre o aumento do número de autos de resistência (mortes em confronto com a polícia) e, principalmente, investigar a operação no Alemão. Ele vai ouvir parentes, a polícia e testemunhas.


O abaixo-assinado ainda critica a declaração do governador Sérgio Cabral, que defendeu o direito da mulher da favela de interromper a gravidez para não gerar “uma fábrica de marginais”. “O aborto não pode ser tido como instrumento de política demográfica, de saneamento ou de eugenia”, diz o documento.

Em entrevista na segunda-feira (5), sobre a visita do relator da ONU e críticas à política de segurança adotada por seu governo, Cabral disse o seguinte:

“A questão dos direitos humanos todos nós prezamos. E nossa política é para garantir os direitos humanos dos que moram nestas comunidades, vítimas desses criminosos que cometem essas barbáries. E é por isso que nossa política de segurança é tão incisiva. Como também as pessoas que são vítimas no dia-a-dia das ruas dos criminosos. A falta dos direitos humanos, do direito de ir e vir, o combate do nosso governo a esta criminalidade é, em última análise, uma defesa dos direitos humanos.”

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

CARAVANA LIBERDADE & EXPRESSÃO


Aos Fatos


  • 95 % da população carcerária é de pobres ou muito pobres
  • 60 % são pardos ou negros
  • 80 % é o número de reincidência

As pessoas que se encontram no sistema carcerário Brasileiro estão num beco sem saída.

Como já é do conhecimento de todos, á re-socialização não existe, apenas a um fiapo de dignidade pode ser visto através de uns poucos, pouquíssimos guerreiros na área educacional do SEAP.
A Fundação Santa Cabrini (responsável pelo trabalho dos apenados no sistema) também é é uma ilusão.

Os números não jogam a favor.

O sistema apenas potencializa a violência, aumenta o negro drama, industrializa e padroniza a exploração dos presos através de compras superfaturadas, de contratações de cargos comissionados, de construção de novas senzalas para abrigar mais presos condenados por uma justiça corrupta, lerda e fascista.

A pior condenação, no entanto é feita pela sociedade que assiste a todas estas coisas e com seu silencio covarde e permissivo, acolhe as atitudes do estado omisso, abusivo e corrupto.

Com os pés no chão digo que o efeito que exercemos ao entrarmos e sairmos de dentro de penitenciárias é muito pequeno, é irrisório, é quase nada, mas de fato é uma ponta de esperança que alcança aquelas pessoas e propaga a mudança e o crescimento do individuo.

Incentivar a leitura é o mínimo que podemos fazer.

Levar a música a poesia, incentivar as várias formas de cultura, convidá-los a participar e expor suas formas de expressar a arte, é o mínimo que podemos fazer.

Dar lições de moral, pregar uma moralidade irreal e trabalhar com aplicação de blefes,a hipocrisia não é o que transforma, não são discursos vazios, imperativos e pretensiosos. Isso ai eles tem aos montes, 24 horas por dia, estes se proliferam no sistema carcerário assim como os ratos que transitam pelas galerias.

São aqueles famosos que estão...“Servindo ao estado, um PM bom, que passa fome mais é metido a Charles Bronson...”(Diário de um detento/Racionais Mc´s)

O primeiro mandamento da Caravana é a IGUALDADE.

Nosso dever é incentivar o estudo e a literatura para um crescimento
pessoal e do coletivo, não podemos plantar falsas esperanças no coração
daquelas pessoas, de maneira nenhuma.

Isso seria covardia.

Temos que ser cada vez mais coerentes na fala. Seremos cobrados mais
cedo ou mais tarde por isso.

O jogo é esse, quem tem que mudar, transformar somos nós e ai sim poderemos cobrar as autoridades e a sociedade, que não dá oportunidade a ninguém pobre, negro e morador da favela, o pensamento desta sociedade, é que todo esta população carcerária vá para o inferno, essas mesmas pessoas que não dão oportunidade e emprego para quem já passou pelo sistema, que discrimina, que pratica essa violência velada, que planta e depois na colheita não suporta o gosto amargo deste fruto, o troco.

No início desse projeto, não sabíamos ao certo porque fazíamos, apenas
seguíamos um instinto, abraçamos a oportunidade, mas realmente esse é um projeto que não tem indicadores, estamos tentando fazer algo para diminuir o impacto das desigualdades sociais, se colocando como iguais.

Continuaremos dando murros na ponta dessa faca até perder o braço se for o caso.

Não vamos resolver os problemas do sistema carcerário Brasileiro, isso seria livrar a cara do Governo e da Sociedade.

Temos que estar atentos e andar em estado de alerta com estes
caras, que gostam de usar nossa imagem para tapar a incompetência
deles.

Nós geramos mídia positiva pra eles e temos que ser exímios jogadores, peritos nessa arte para revertermos às coisas para o lado de quem interessa, que são os menos favorecidos.

Vamos incentivar a leitura!

Vamos arrecadar livros.

Vamos abrir bibliotecas.

Vamos nos esforçar ao máximo!

Porque o Máximo ainda não é nada frente 500 anos de atraso!!!

Esse é o nosso papel, e espero sinceramente que essa iniciativa ainda
seja copiada e que surjam dezenas de Caravanas.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007