Trezentas pessoas assinam manifesto contra política de confronto
Abaixo-assinado será entregue a relator da ONU.
"Não podemos concordar com o combate à violência com violência", disse Marcelo Yuka.
Pelo menos 300 pessoas assinaram um manifesto de repúdio à política de confronto da Secretaria de Segurança Pública, na noite desta terça-feira (6), na Fundição Progresso, na Lapa, Centro do Rio. Os integrantes do movimento, liderado pelo músico Marcelo Yuka, não pouparam também críticas às declarações do governador Sérgio Cabral. Eles vão pedir uma audiência para entregar o documento ao governador.
Além de juízes, desembargadores e parlamentares, também assinaram o documento, artistas como Gabriel o Pensador, Lobão, Beth Carvalho, B Negão, Marcelinho da Lua e Letícia Sabatella.
“Não podemos concordar com o combate à violência com violência. Isso provoca um efeito colateral. É uma política de segurança que vai trazer conseqüências graves para essas pessoas das comunidades pobres”, disse o músico Marcelo Yuka, que iniciou o “Manifesto contra as políticas de extermínio” com um abaixo-assinado divulgado pela internet.
Segundo a representante da OAB, o abaixo-assinado será entregue ao relator da ONU para assuntos de execuções sumárias, Philip Alston, que chega ao Rio esta semana para elaborar um documento sobre o aumento do número de autos de resistência (mortes em confronto com a polícia) e, principalmente, investigar a operação no Alemão. Ele vai ouvir parentes, a polícia e testemunhas.
O abaixo-assinado ainda critica a declaração do governador Sérgio Cabral, que defendeu o direito da mulher da favela de interromper a gravidez para não gerar “uma fábrica de marginais”. “O aborto não pode ser tido como instrumento de política demográfica, de saneamento ou de eugenia”, diz o documento.
Em entrevista na segunda-feira (5), sobre a visita do relator da ONU e críticas à política de segurança adotada por seu governo, Cabral disse o seguinte:
“A questão dos direitos humanos todos nós prezamos. E nossa política é para garantir os direitos humanos dos que moram nestas comunidades, vítimas desses criminosos que cometem essas barbáries. E é por isso que nossa política de segurança é tão incisiva. Como também as pessoas que são vítimas no dia-a-dia das ruas dos criminosos. A falta dos direitos humanos, do direito de ir e vir, o combate do nosso governo a esta criminalidade é, em última análise, uma defesa dos direitos humanos.”
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